terça-feira, 27 de agosto de 2013

Duas perguntas






Quem é a pior destas gentes:



O louco que ateia o fogo

Ou o louco que solta o louco que ateia o fogo?



Por que não colocar os dois loucos

[lado a lado]

Nas primeiras filas de combate aos incêndios?




sábado, 6 de julho de 2013

remedeio








as dobradiças de portas gastaram-se 

(a fechadura nunca foi à prova
de balas… mesmo que democratas)

um portas não é de ferro e um coelho… afinal, também não.

agora, parece que o melhor a fazer é 
por trancas no vice
e, sempre que possível, trancar o primeiro.

um remedeio anibalesco... e triste.

terça-feira, 2 de julho de 2013

correntes de ar






... e a  fuga de gaspar abriu umas quantas portas

... e as correntes de ar são, agora, muitas e decisivas.

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Gaspar, o fantasma futuro?

Já não pode uma pessoa chegar um pouco mais tarde a casa, retida que foi pela indecisão de onde meter gasóleo mais barato - "ali são menos dez cêntimos mas é mais cara de base, por outro lado..." - eis que se vai embora um ministro sem dizer um ai! E que ministro se foi embora! O Vítor Gaspar! E porque foi ele embora? Porque o Tribunal Constitucional não gosta dele, as previsões financeiras não gostam dele, discordando, e o país menos ainda, desempregando-se, não consumindo, etc. Como um bom CEO que se preze, Vítor Gaspar escreve tipo "I got the picture!" e demite-se. Mas Vítor Gaspar não era um CEO mas sim o Ministro de Estado e das Finanças do Governo da República Portuguesa! Pergunto eu: é isto ou era isto a mesma coisa? Revela-se agora o que queria dizer Gaspar quando referiu num comentário à meses que ele não tinha sido eleito. Enganou-se, ou melhor, entendeu mal a coisa. Eleito foi o Governo de que era a segunda figura, a partir de uma base de apoio parlamentar quase esmagadora, nascida de eleições livres em 2011. Eleito sim, e para quatro anos. A sair agora só pode ser porque afinal chegou à conclusão de que os dois primeiros anos tinham sido falhados e não sabia o que fazer nos dois restantes. Mau momento, muito mau momento para descobrir o Sr. Vítor Gaspar que não era talhado para Ministro. O seu espírito de missão, a sua cara séria até à náusea, nunca me enganaram por aí além. Não era um político? Hum.... um bom político não era e, se calhar, nem gente de Bem.
Vai ser Vítor Gaspar uma espécie de novo Ernâni Lopes, a assombrar com má cara o futuro das finanças portuguesas?  Ernâni Lopes caiu quando o Governo de que fazia parte caiu. Do qual não era a segunda figura. Era apenas o Ministro das Finanças e do Plano. Vítor Gaspar nunca teve um Plano.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

The SWAPS and the swamp (sim, o pântano, Guterres).

Muito se tem falado sobre as SWAPS - instrumentos financeiros com que gestores da coisa pública em tempos idos pretenderam precaver uma reviravolta dos mercados, coisa que efectivamente aconteceu mas claramente não como eles previram. Lembro-me de em 2010, no verão, ter ponderado seriamente converter o empréstimo do meu crédito de habitação para uma taxa fixa, não indexada à Euribor. Ponderei, ponderei, e terá sido a inexpressiva cara de quem esperava a minha resposta, uma tarde num centro comercial, terá sido a minha proverbial desconfiança da palavra "fixo", o certo é que não o fiz, contra alguns conselhos, e assim poupei algumas centenas a milhares de euros.
Sim, era o meu dinheiro, sim. Enquanto os gestores em questão jogaram com o "nosso" dinheiro. Sim, eles enganaram-se, erraram, jogaram especulativamente - todos, só alguns, os do PSD e que estão no governo actual não? - e fizeram-nos perder muito dinheiro, uma barbaridade. Vai ser e já foi, muitos já foram demitidos, há quem queira sangue, isto é, julgamentos.
O nosso dinheiro chama-se Orçamento de Estado. Como funcionário público é o meu dinheiro que me paga o salário. Eis uma razão - mais uma, não a mais importante - para eu ser exigente com o meu trabalho. O governo actual, todo, governa o nosso, o meu dinheiro. Dizem: sempre foi assim, e sempre será. Também. Na Islândia os governantes responsáveis pela bancarrota do país foram julgados. O partido deles voltou o mês passado ao poder. Isto não é fácil, pois um dia ainda prendemos o nosso Presidente da República. Onde a linha da imputabilidade judicial vs a mera responsabilidade política? A verdade é que as culpas no cartório implicam a existência de um sem fim de cartórios por este país fora, desde a mais longínqua autarquia até ao mais alto magistrado da nação. Aníbal Cavaco Silva inventou o país actual, país que inaugurou a IP4 em festa e agora nãp é capaz de acabar de furar o Marão. Com a excepção dos tempos FMI-supervised, um esboço de contenção no 1º governo Guterres e uma tentativa de moralidade pública com Manuela Ferreira Leite,  a história dos últimos trinta anos de governação é uma sucessão de erros, enganos, equívocos e incompetências, onde a porta aberta ficou sempre à espera que o último a fechasse. O último chegou agora.
Com isto não é de todo minha intenção desculpabilizar os SWAP's, mas dar-lhes um pouco de perspectiva. As PPP's foram feitas com o meu dinheiro, idem a educação, a saúde, as autoestradas... Benavente tem uma autoestrada porque eu paguei! Beja tem um aeroporto porque eu paguei! Eu paguei o Euro 2004! Quem é preso por isto? 
Por outro lado o meu dinheiro vai cada vez menos para sectores - a saúde, o apoio social, etc. - embora eu discorde desta reorientação. O meu gestor de conta, o dr. Vítor Gaspar, diz-me que isto se resume a três palavras: "não há dinheiro", e pergunta-me qual das três palavras eu não entendo. Eu respondo-lhe: "então eu morro".  Qual das três palavras eu preciso explicar? 

domingo, 19 de maio de 2013

Dizia Margaret Tatcher em 1987:

"I think we have gone through a period when too many children and people have been given to understand "I have a problem, it is the Government's job to cope with it!" or "I have a problem, I will go and get a grant to cope with it!" "I am homeless, the Government must house me!" and so they are casting their problems on society and who is society? There is no such thing! There are individual men and women and there are families and no government can do anything except through people and people look to themselves first. It is our duty to look after ourselves and then also to help look after our neighbour and life is a reciprocal business and people have got the entitlements too much in mind without the obligations."


À clássica visão maximalista de esquerda respondeu Tatcher em 1987 com esta visão maximalista de direita. Sendo que a verdade estará, como sempre, algures no meio, convém redefinir hoje o que é "a sociedade", quem verdadeiramente a compõe e o que é responsabilidade pública e o que é responsabilidade privada/pessoal, e, depois, se há dinheiro para a responsabilidade pública assumida como adequada. Mas Tatcher fez bem o seu trabalho: quantos de nós hoje nos definimos realmente como "seres sociais"?

A folga e a alternativa.

Lentamente deslizamos para o verão. E continuamos perdidos nesta crise, culpados pela Europa e pelos nossos governantes, ai Jesus (sem piada clubística). Somos um país que deve muito e caro. Somos um país que não produz assim tanto, que tem um mercado interno em implosão e que está inserido numa zona económica - a Eurozona - cuja moeda é muito cara para nós e cuja política económica é de um lento suicídio. Portugal, como o nariz de Cook a caminho do Pólo Sul, vai sucumbir primeiro, mas Cook, isto é a Eurozona, vai perecer como um todo, mais tarde ou mais cedo. Merkel o disse: produzimos 25% do PIB mundial mas damos 50% da Segurança Social mundial. Este é o modelo europeu e vai falir. Porque não há quem o pague. E, no meio disto, a Europa fecha as portas à imigração. A morrer prefere morrer sózinha e recusando a mão-de-obra barata africana (e outra), e os seus filhos, os tais que, bem integrados, podiam pagar-nos as reformas. Que não acontecerão.

Isto é assim. E há um vazio político em Portugal e na Europa, pois ninguém tem a coragem de dizer alto e bom som o que se passa. Sim, Merkel diagnostica bem. Mas a solução só pode ser outra. Os planos de reforma não foram pensados a contar com a actual crise demográfica. Mas se reformamos mais tarde não há emprego jovem, diz-se. E, porém, os nossos idosos não têm a preparação dos nossos jovens, logo não devia haver competição. O emprego indiferenciado chama por gente de fora, portanto essa gente devia ser benvinda e não irá competir com os nossos jovens. Estamos a confundir três realidades diferentes. Portugal para voltar a ter futuro tem de voltar a ser também um país de imigrantes, nunca de emigrantes! Portugal precisa de investimento. E precisa de tempo. Tempo que a Europa nos devia dar, porque também para ela ele vai ser necessário. Tempo para perceber o que quer ser quando deixar de ser o que já nem é: grande.